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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O que faço com o que sobra!?


 O que faço com o que sobra!?

A observação leva ao pensamento e a reflexões. Sentado em uma mesa, esperando minha namorada, não pude deixar de notar que algumas pessoas passavam por mim dirigiam o olhar para um canto onde eu não podia ver, atrás das escadas. Fiquei intrigado com aquilo. Primeiro pensei em mim, pois não sabia o “porquê” de estar observando estes detalhes minúsculos e sem importância. Depois pensei no olhar destas pessoas; tinha um certo ar de preocupação, interesse ou pena, mas que logo adquiria um ar de extrema indiferença. Então me lembrei que eu também olhei para aquele canto quando passei e percebi que tivera aquele mesmo olhar de interesse e pena – tratava-se de uma moça que estava chorando; e eu a conhecia. Mas a ignorei completamente. Passei por ela, me sentei na referida mesa e comecei a olhar maquinalmente os olhares das pessoas que passavam.
 Depois que desvendei o motivo dos olhares para aquele canto atraia, travei uma luta comigo mesmo. Fiquei indeciso quanto a ir ou não ir falar com a moça. Acabei indo e descobri que ela estava com uma enxaqueca fortíssima, tão forte que travava os dentes e chorava. O namorado já estava a caminho para buscá-la. Acabado o episódio não me lembrei de mais nada. Fiquei totalmente indiferente a situação – afinal, a ajudei e não quero retribuições, pois não me custou nada a não ser alguns minutos que me sobraram.

E vocês? O que fazem com aquilo que lhes sobram?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Metículas"


 Esta combinação de versos loucos é o resultado de dois pensares; meus e de minha namorada, Ana Cláudia. Cada um em uma linha, numa alternância contínua em um só lugar...


“-^_^-” Metículas

Chove chuva em gotículas
movendo sentimentos egoístas
nas finas e puras partículas.

Encontra-se “metículas” ridículas
de pensares dormindo e acordado:
acordo e me encontro suado.

Triste do sonho despertado,
encontrando-me disperso e desorientado
em um mundo encantado: de fábulas.!.

Viagens absurdas e loucas.
Me encontro em uma dupla louca
de vozes soltas e roucas.
Não doentes, mas aflitas
de fantasias delirantes
que voam esvoaçantes
com asas nos pés e voares rasantes.

Enfurece-me tal forma de pensar.
Mas como? São tão vibrantes,
revigorantes; de meus passos errantes.
Ah! que complicação! Só resta pensar.

Ana Cláudia e Joandres Soares

domingo, 21 de outubro de 2012

Passeio


Passeio

Penso, logo existo.
Penso, logo me acalmo.
Penso, logo me pacifico.
Penso, logo evoluo.

Penso individualmente voltado para mim,
Como num espelho mirando-me
Em um espaço de estralas sem fim.
Penso pacientemente, viajo pacientemente;
É mais ou menos assim:

Sem ser seletivo, andando e voando,
Escolho um caminho.
Por ele passo olhando,
Vou indo sonhando e pensando.

O novo me espera e a cada passo
Remexo as pedras
Só para ver o que tem de baixo.
Percorro todos os espaços;
Vejo todas as frestas;
Cheiro todas as flores;
Conheço todas as primaveras...
Sinto os sopros finos do amor
E o vapor gélido das trevas,
Afinal, não descobri de tudo
E pelo caminho ficou muitas pedras,
Intocadas, reservadas no mais profundo.

Mas quando paro de andar
Descubro que fui mais longe
Do que pensei em chegar...
Tudo isso sem sair do lugar;
Apenas colocando a alma para passear.

– Deus! Louvado seja o meu pensar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Narciso


Narciso é fruto do deus do rio, Céfiso, com uma ninfa, Liríope. Ao seu nascimento seus pais consultaram o profeta Tirésias, onde tiveram a revelação que Narciso teria vida longa caso não mirasse jamais a própria face. Quando adulto torna-se um belíssimo rapaz. Muitas ninfas se apaixonaram por ele, em especial a ninfa Eco que devotava grande paixão por ele. Eco, inconformada com a indiferença dele afastou-se com amargura para o deserto e lá definhou até restar somente seus suspiros. Nêmesis apiedou-se de Eco e induziu Narciso a mirar-se nas águas de um rio, debruçando-se em suas margens para beber, vê sua face refletida na água, permanece imóvel e contempla entorpecido suas feições até morrer.
O mito pode estar representado a individualidade da pessoa que se conhece em seu íntimo e toma consciência de si próprio. É o olhar voltado para dentro; assistindo a um conflito interno e individual. É uma relação de si para consigo mesmo; onde se enfrenta as peculiaridades dramáticas da mente.
Me faz lembrar que: “ não se conhece alguém sem antes, conhecer a si próprio”. Se quero me fazer conhecido por alguém, tenho de me conhecer também. Ora! O psicologo só pode ajudar e conhecer o paciente estimulando-o a se autodescobrir.
Eu não me conheço tão bem como pensei, e quero que me conheçam melhor. Por isso, nestes tempos, vou estar recluso em mim mesmo; entorpecido e em conflito comigo mesmo. Vou me conhecer para me fazer conhecido.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meu pensar

              Meus pensamentos podem se tornar a minha melhor companhia nos momentos de solidão; ou naquelas horas tediosas de pura convenção social. Por pensar que tenho razões por existir. "Penso, logo existo", não é mesmo verdade. Sim, é verdade.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viver sonhando de brincar como criança




 Viver sonhando de brincar como criança

Quando era criança, por volta dos seis anos, me perguntaram, a queima roupa, o que eu gostaria de ser quando crescesse. Fiquei intrigado com tal pergunta a ponto de não saber o quê responder, mas compreendia, vagamente, que queria ser “grande”. Fui crescendo com essa pergunta martelando na cabeça, por isso procurei fazer e experimentar diversas coisas para ver o que se enquadraria em meu sonho. Gostava de assistir desenhos animado, vendo a Dragon Ball me decidi a ser lutador: treinava, dava socos e tentava voar, – como levitar no ar me pareceu impossível, optei por ter asas – digam o que quiserem, mas naqueles dias eu fui lutador, da mesma forma que em outros dias eu fui guerreiro com uma espada de madeira e policial com uma arma de brinquedo. Fui herói com uma toalha vermelha. Fui jogador de futebol e cantor famoso. Já morei em uma caverna e também no fundo do mar; já fui para o espaço e tive muitos amigos por lá. E também fui curador de um museu com os pertences de minha avó.
Cresci mais um pouco, e na adolescência fui galã de cinema. Fui rebelde andando de bicicleta e defendendo os meus direitos e ideais; fui revolucionário nesta época. Fui leitor de muitas bibliotecas, fui autor e fui poeta. Li e reli várias histórias, conheci o mundo por meio das novelas, crônicas e filosofias. Fui um paradoxo de descobertas. Bebi cerveja e experimentei cigarro. Tive amores, sonhos e pesadelos. Fui hiperativo; fui doente por hipertiroidismo. Fui inconsequente e autodestrutivo – era um romântico... E também fui Deus, criei e recriei meu mundo; fui Cronos o senhor de meu tempo e fui Morfeu concretizando os meus sonhos.
Continuei crescendo e amadurecendo. Hoje sou homem com amnésia: não me lembro mais daquela simplicidade de viver como criança. Entretanto, sem saber, realizei o meu primeiro sonho; o de ser grande. Às vezes me choco com a realidade do mundo, fico depressivo, indignado; não imagino futuro algum. É nesses momentos que olho para traz e vejo que fiz de tudo, realizei minhas vontades e ainda tenho sonhos por realizar. Levanto a cabeça e olho para frente e me lembro como era ser criança e procuro fazer o novo sem medo de errar, adquiro experiências, digo sim para as oportunidades e vou me tornando ainda maior... e mais feliz.