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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viver sonhando de brincar como criança




 Viver sonhando de brincar como criança

Quando era criança, por volta dos seis anos, me perguntaram, a queima roupa, o que eu gostaria de ser quando crescesse. Fiquei intrigado com tal pergunta a ponto de não saber o quê responder, mas compreendia, vagamente, que queria ser “grande”. Fui crescendo com essa pergunta martelando na cabeça, por isso procurei fazer e experimentar diversas coisas para ver o que se enquadraria em meu sonho. Gostava de assistir desenhos animado, vendo a Dragon Ball me decidi a ser lutador: treinava, dava socos e tentava voar, – como levitar no ar me pareceu impossível, optei por ter asas – digam o que quiserem, mas naqueles dias eu fui lutador, da mesma forma que em outros dias eu fui guerreiro com uma espada de madeira e policial com uma arma de brinquedo. Fui herói com uma toalha vermelha. Fui jogador de futebol e cantor famoso. Já morei em uma caverna e também no fundo do mar; já fui para o espaço e tive muitos amigos por lá. E também fui curador de um museu com os pertences de minha avó.
Cresci mais um pouco, e na adolescência fui galã de cinema. Fui rebelde andando de bicicleta e defendendo os meus direitos e ideais; fui revolucionário nesta época. Fui leitor de muitas bibliotecas, fui autor e fui poeta. Li e reli várias histórias, conheci o mundo por meio das novelas, crônicas e filosofias. Fui um paradoxo de descobertas. Bebi cerveja e experimentei cigarro. Tive amores, sonhos e pesadelos. Fui hiperativo; fui doente por hipertiroidismo. Fui inconsequente e autodestrutivo – era um romântico... E também fui Deus, criei e recriei meu mundo; fui Cronos o senhor de meu tempo e fui Morfeu concretizando os meus sonhos.
Continuei crescendo e amadurecendo. Hoje sou homem com amnésia: não me lembro mais daquela simplicidade de viver como criança. Entretanto, sem saber, realizei o meu primeiro sonho; o de ser grande. Às vezes me choco com a realidade do mundo, fico depressivo, indignado; não imagino futuro algum. É nesses momentos que olho para traz e vejo que fiz de tudo, realizei minhas vontades e ainda tenho sonhos por realizar. Levanto a cabeça e olho para frente e me lembro como era ser criança e procuro fazer o novo sem medo de errar, adquiro experiências, digo sim para as oportunidades e vou me tornando ainda maior... e mais feliz.

Um comentário:

  1. Que possamos viver eternamente como crianças.
    Sem preocupações, sem medo de ser feliz.
    Livre são os que ainda vivem de tal forma.
    Pois serão imortalizados pela sua essência.
    Então eu digo.

    Vamos voltar a ser criança?

    Anice

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