Viver sonhando de brincar como criança
Quando era criança, por volta dos seis anos, me perguntaram, a
queima roupa, o que eu gostaria de ser quando crescesse. Fiquei
intrigado com tal pergunta a ponto de não saber o quê responder,
mas compreendia, vagamente, que queria ser “grande”. Fui
crescendo com essa pergunta martelando na cabeça, por isso procurei
fazer e experimentar diversas coisas para ver o que se enquadraria em
meu sonho. Gostava de assistir desenhos animado, vendo a Dragon Ball
me decidi a ser lutador: treinava, dava socos e tentava voar, –
como levitar no ar me pareceu impossível, optei por ter asas –
digam o que quiserem, mas naqueles dias eu fui lutador, da mesma
forma que em outros dias eu fui guerreiro com uma espada de madeira e
policial com uma arma de brinquedo. Fui herói com uma toalha
vermelha. Fui jogador de futebol e cantor famoso. Já morei em uma
caverna e também no fundo do mar; já fui para o espaço e tive
muitos amigos por lá. E também fui curador de um museu com os
pertences de minha avó.
Cresci mais um pouco, e na adolescência fui galã de cinema. Fui
rebelde andando de bicicleta e defendendo os meus direitos e ideais;
fui revolucionário nesta época. Fui leitor de muitas bibliotecas,
fui autor e fui poeta. Li e reli várias histórias, conheci o mundo
por meio das novelas, crônicas e filosofias. Fui um paradoxo de
descobertas. Bebi cerveja e experimentei cigarro. Tive amores, sonhos
e pesadelos. Fui hiperativo; fui doente por hipertiroidismo. Fui
inconsequente e autodestrutivo – era um romântico... E também fui
Deus, criei e recriei meu mundo; fui Cronos o senhor de meu tempo e
fui Morfeu concretizando os meus sonhos.
Continuei crescendo e amadurecendo. Hoje sou homem com amnésia: não
me lembro mais daquela simplicidade de viver como criança.
Entretanto, sem saber, realizei o meu primeiro sonho; o de ser
grande. Às vezes me choco com a realidade do mundo, fico depressivo,
indignado; não imagino futuro algum. É nesses momentos que olho
para traz e vejo que fiz de tudo, realizei minhas vontades e ainda
tenho sonhos por realizar. Levanto a cabeça e olho para frente e me
lembro como era ser criança e procuro fazer o novo sem medo de
errar, adquiro experiências, digo sim para as oportunidades e vou me
tornando ainda maior... e mais feliz.
Que possamos viver eternamente como crianças.
ResponderExcluirSem preocupações, sem medo de ser feliz.
Livre são os que ainda vivem de tal forma.
Pois serão imortalizados pela sua essência.
Então eu digo.
Vamos voltar a ser criança?
Anice