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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Pós-mortun em vida



Pós-mortun em vida

Caem as gotas d'água
Cai o tempo que me resta;
Chove vida nos campos
__ Nossa morte nossa meta.

Dos meus males e lamentos
Vagarosamente escrevo histórias,
E de meus sonhos e encantos
Escrevo, triunfante, minhas glórias.

De palavra em palavra,
escrevo meu livro.
De minuto a minuto
É assim que eu vivo.

Escrevi muito da vida
Agora estou ansioso
Para escrever da morte.

Morte! A espero tanto
Sem querer que venha.
Embora não tema o além
Temo o pranto de quem me ama.

O além! O encaro de frete
Sem ter o que me contém.
Morto, nu e descarnado
O mordo e rasgo sem dente.

Sou uma alma revoltada
Com a morte aparente
Que ainda de matéria é dotada.

Sou homem da terra...
Sou uma eterna criança
Dando birra por não ter o que quer.
Sou um preso de lembranças.

Oque faria eu se morrer,
E lá não tiver o que espero?
Fiz minha morte e a quero;
Mas não a conheço e não a desejo.

De morrer tenho medo
Por mais preparado que esteja,
Não posso livrar-me do apego
Deste mundo lindo que me deseja.
Não vou partir sem sentir
Mais uma vez!
Tudo que o mundo tem a me dar.
Não posso!
Sem olhar para a vida e ver
Tudo que me faz sorrir...
Simplesmente eu não vou
Sem ser o que tenho de viver;
Não vou sem ser feliz...

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